O único golpista aqui foi Evo, diz presidente da Bolívia
Em discurso nesta quarta-feira (13), a presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, rechaçou as acusações de Evo Morales de que teria havido um “golpe” no país.
“O único golpista aqui foi Evo”, disse Añez. “[A eleição presidencial] Foi uma fraude descarada. Somente o respaldam aqueles que não respeitam a democracia.”
Añez, que já está em seu gabinete no Palácio Quemado, sede do governo boliviano, afirmou ainda que vai liderar uma “transição pacífica” e destacou a “disposição democrática das Forças Armadas e das forças policiais”.
“Não aceitarei outra saída que não sejam eleições livres e democráticas. Que Deus me dê forças.”
"Houve um golpe civil, político e policial", afirmou o presidente durante o pronunciamento em rede nacional no qual anunciou sua renúncia no domingo.
A decisão foi tomada horas depois de o comandante das Forças Armadas da Bolívia, general Williams Kaliman, declarar que o presidente deveria deixar o cargo, no intuito de resolver o impasse da crise política que assola o país desde as controversas eleições presidenciais, em 20 de outubro.
Para os militares, o fato de Morales ter comunicado que convocaria novas eleições não era suficiente para conter a crise, após uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter identificado irregularidades no processo eleitoral.
Na noite da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a transmissão da contagem dos votos com 83% das urnas apuradas, quando o resultado indicava segundo turno entre Morales e seu adversário, Carlos Mesa.
No dia seguinte, o sistema de contagem de votos, chamado Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP), foi subitamente reativado com 95% das urnas apuradas, indicando uma vitória apertada de Morales no primeiro turno.
As suspeitas suscitadas pela interrupção da contagem dos votos por mais de 24 horas e a súbita guinada na tendência do resultado levaram a oposição a denunciar uma "fraude escandalosa".
Até as missões de observação eleitoral da OEA e da União Europeia pediram um segundo turno das eleições presidenciais.
Mas Morales insistiu que havia vencido as eleições e, em resposta às manifestações da oposição, convocou seus seguidores a "defender a democracia" nas ruas e impedir um "golpe de Estado".
Também aceitou que a OEA fizesse uma auditoria do processo eleitoral.
A senadora do partido oposicionista Unidad Demócrata declarou-se presidente da Bolívia nesta terça-feira (12). "Assumo imediatamente a Presidência", disse Jeanine, embora a bancada do MAS, partido liderado pelo ex-presidente Evo Morales, não estivesse presente no Congresso. Morales chegou ontem ao México, país que lhe concedeu asilo político após a renúncia à Presidência da República.
Jeanine Áñez anunciou que decidiu "assumir imediatamente" a presidência da Bolívia, em seu novo status de líder do Senado, depois de considerar que no país havia uma situação de vacância, devido à renúncia do ex-chefe de Estado, Evo Morales, e do vice-presidente Álvaro García Linera.
Também renunciaram aos cargos os presidentes do Senado e da Câmara e o primeiro vice-presidente do Senado. Como segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Áñez entendeu que cabia a ela assumir o posto deixado vago por Morales.
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