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Elon Musk quer ‘cercar’ a Terra com 12 mil satélites de internet


Após 64 anos do início da corrida espacial que engajou Estados Unidos e União Soviética na Guerra Fria, vivemos hoje uma nova corrida espacial, disputada por empresas privadas como a SpaceX, de Elon Musk. Através do projeto Starlink, a empresa planeja prover internet para todo o planeta Terra, colocando 12 mil satélites na órbita terrestre.

O projeto ambicioso já lançou 950 satélites no espaço e tem gerado controversas entre astrônomos e governos.

Ironicamente, já existe um Projeto de Lei em discussão na Rússia para multar quem contratar serviços de internet via satélite de empresas estrangeiras. O governo russo argumenta que a Starlink serve aos interesses militares dos EUA e pretende lançar seus próprios satélites para atender as necessidades nacionais.

O cientista político pós-graduado Bruno Holanda declarou ao Pleno.News que as políticas adotadas pela gestão anterior de Donald Trump podem ter tensionado as relações entre os EUA e alguns países.

– As tensões entre Estados Unidos e outros países foram instaladas pela política, adotada por Donald Trump, de enfrentamento, gerando uma tensão e um esgarçamento do multilateralismo, o que atrapalha a cooperação internacional entre países e uma possível colaboração para coibir excessos de empresas instaladas em determinados espaços geográficos – explica.

Ele também afirma que a gestão de Biden pode influenciar a execução do projeto, tendo em vista as pautas levantadas pelo partido Democrata.

– Uma briga interna entre Democratas e Republicanos também pode estar no radar, já que uma das propostas do Partido Democrata é aumentar a fiscalização e a taxa de impostos sobre os grandes conglomerados de internet e tecnologia americanos, setor que foi beneficiado pela política tributária da gestão anterior, Republicana – esclarece.

A quantidade final de satélites que o projeto Starlink almeja atingir é o dobro da quantidade total que orbita a Terra hoje, somando satélites ativos e desativados. Em entrevista ao El Pais, Patrick Seitzer, especialista em monitoramento do lixo espacial da Universidade de Michigan (EUA), demonstrou preocupação com a observação espacial e disse que há a possibilidade de, em certos momentos do ano, os satélites poderem ser vistos a noite toda.

Elon Musk afirmou em seu Twitter que as pessoas mal notam os satélites que já estão em órbita e que os da Starlink só seriam vistos por quem procurasse “muito cuidadosamente” por eles, além de afirmar que o projeto não causará impacto na astronomia.

Entretanto, no início do mês, alguns satélites do projeto que já estão funcionando puderam ser visto em cidades brasileiras e assustaram algumas pessoas. Usuários publicaram os registros nas redes sociais.

Perguntado sobre a possibilidade de algum governo decidir que não quer ter suas pesquisas relacionadas à observação do espaço prejudicadas pelos satélites, Holanda explica que, no cenário atual, países que não tiverem influência política, econômica ou militar, por exemplo, suficiente para confrontar os EUA, podem ser obrigados a se submeter às decisões do governo norte-americano.

– Graças ao tipo de política adotada por Donald Trump e alguns de seus parceiros, os fóruns multilaterais, como os do sistema ONU, sofreram de um esvaziamento de sua importância nas principais discussões mundiais. Os acordos bilaterais foram priorizados e as grandes reuniões de grupos de países se tornaram menos relevantes. Nesse cenário, países com uma balança de poder desfavorável, acabam a mercê de outros atores mais imponentes – esclarece.
Atualmente, mais de 6 mil satélites orbitam a Terra, sendo apenas 2 mil funcionais

Além disso, Holanda também afirma que a tecnologia dos satélites está permitindo a construção de objetos cada vez menores e mais eficientes, contribuindo assim para que o problema seja sanado com o tempo, mesmo com a quantidade exorbitante de objetos enviados pela SpaceX.

Atualmente, mais de 6 mil satélites orbitam a Terra, sendo apenas 2 mil funcionais. Segundo a SpaceX seus satélites estão sendo posicionados estrategicamente, de modo a entrar na atmosfera terrestre cerca de 1 ano após o fim de seu tempo de vida útil. Entretanto, outras empresas como OneWeb, também pretendem se juntar ao empreendedorismo espacial, gerando uma discussão sobre o acúmulo de lixo espacial na órbita da Terra.

Holanda ressalta a necessidade de reformulação das normas de exploração espacial pelos chefes dos países.

– Os acordos e tratados sobre exploração do espaço, o chamado Direito Espacial, são relativamente antigos e defasados, tendo sua maioria sendo criada nas décadas de setenta do século passado, num mundo completamente diferente do que vivemos hoje. Para que haja uma cooperação e um controle melhor das situações que ainda virão, a retomada dos fóruns de cooperação internacional multilaterais é de suma importância, trazendo novos acordos e uma visão moderna de como os países e empresas devem se portar e colaborar nesses temas – conclui.

Fonte: Pleno.News

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